USP sugere alternativas para o Novo Ensino Médio

Com participação da FFLCH, USP expôs problemas do Novo Ensino Médio em carta ao MEC

Por
Gabriela Ferrari Toquetti e Paulo Andrade
Data de Publicação
Editoria

Na última quinta-feira, 6 de julho, a Universidade de São Paulo enviou ao Ministério da Educação (MEC) uma carta com sugestões de alternativas para o Novo Ensino Médio, após um processo de escuta pública com participação de professores, alunos e pesquisadores. A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP participou da elaboração da carta Contribuição da USP para uma Política Nacional do Ensino Médio. O grupo de trabalho que colaborou com a criação do documento contou com mais de 30 membros, dentre eles José Clóvis de Medeiros Lima, assessor de relações institucionais da diretoria da FFLCH, e os professores Vanessa Martins do Monte, do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, e Eduardo Donizeti Girotto, do Departamento de Geografia.

O Novo Ensino Médio foi estabelecido em 2017, mas a reforma não vem mostrando resultados positivos, de acordo com grande parte do público escutado na pesquisa. Diversos fatores levaram ao fracasso da reforma, como a falta de professores e de infraestrutura, o aumento das desigualdades quanto aos estudantes de classes menos favorecidas e o esvaziamento dos conteúdos curriculares.

Esse modelo de Ensino Médio prejudica a educação dos jovens, provocando a desprofissionalização e a fragilidade docente, a redução do rendimento escolar e a evasão escolar. A Pró-Reitoria de Graduação da USP não defende, porém, a volta do antigo modelo de Ensino Médio, que também não contempla as necessidades dos estudantes.

A carta enviada pela USP propõe adaptações para aperfeiçoar o ensino. Dentre essas propostas, estão a valorização da diversidade nas escolas, a ampliação da Universidade Aberta do Brasil com cursos de qualificação, o reconhecimento do papel fundamental dos professores, a democratização do acesso à internet, o oferecimento de práticas educomunicativas, a implementação de atividades complementares em articulação com outras entidades, a oferta de estágios remunerados, o estabelecimento de um limite de 30 estudantes por turmas e carga horária de no mínimo 2.400 horas, com os componentes curriculares fundamentais e com o desenvolvimento de projetos interdisciplinares e transdisciplinares.

Essas propostas dialogam com o Programa Eixos Temáticos USP, que busca estruturar uma interação entre a USP e setores políticos do Executivo e do Legislativo. Ao final da carta, a USP coloca-se à disposição para contribuir com o processo de transformação do Ensino Médio.

De acordo com José Clóvis de Medeiros Lima, funcionário da FFLCH que participou da elaboração da carta, “As universidades, as organizações da sociedade civil e os cidadãos de um modo geral foram convidados pelo Ministério da Educação, para fazerem parte do processo de consulta pública aberta que se encerrou no último dia 06 de julho, sobre o NEM, Novo Ensino Médio. A Universidade de São Paulo não poderia estar de fora dessa consulta até porque, desde sua criação em 1934, ela participa da formação de quadros docentes e dirigentes para a educação brasileira em todos os níveis e as reformas que atingem o ensino básico afetam diretamente o ensino na universidade”.

O Jornal da USP publicou ontem uma matéria a respeito das contribuições da USP para o Novo Ensino Médio, que pode ser acessada aqui.

Confira a carta completa neste link.