Peça retrata conflito na ocupação da Maria Antonia em 1968

Atividade integra o Projeto Dramaturgias 2, Módulo Curva Histórica: Consuelo de Castro, que inclui a leitura cênica de mais duas obras da autora

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Redação
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Acontece neste sábado, 21 de setembro, às 21 horas, no Sesc Ipiranga, a leitura cênica da peça teatral Prova de Fogo, de Consuelo de Castro, com direção de Abílio Tavares e participação de jovens atores recém-formados pelo Departamento de Artes Cênicas da ECA USP. A atividade integra o projeto Dramaturgias 2, Módulo Curva Histórica: Consuelo de Castro, que inclui a leitura cênica de mais duas obras da autora.

O evento é realizado pelo Serviço Social do Comércio (SESC) e por se tratar de tema relativo à história da USP, em especial da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, conta também com o apoio de várias instituições da universidade como a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU), Centro Universitário Maria Antonia (CEUMA), Teatro da USP (TUSP), Superintendência de Comunicação Social (SCS) e Rádio USP.

A ação se passa, no ano de 1968, no lendário prédio da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, na Rua Maria Antonia, ocupado pelos estudantes em protesto contra a ditadura militar, a reforma universitária e o acordo MEC-USAID. A polícia deu um ultimato de três dias para a desocupação da Faculdade sob ameaça de violenta invasão e é preciso decidir qual posição tomar: desocupar ou resistir.  

Assim começa a peça, com uma acalorada assembleia que expõe as divergências e conflitos entre os próprios estudantes, num embate onde posições políticas e questões pessoais muitas vezes se confundem.  Consuelo de Castro ingressou como aluna no curso de Ciências Sociais, em 1964, aos 18 anos. Seu primeiro dia de aula, primeiro de abril, coincidiu com a instauração do golpe que dava início aos vinte e um anos de ditadura militar no pais. Até 1968, Consuelo de Castro foi membro atuante do movimento estudantil, tendo participado ativamente da ocupação do prédio naquele ano, período em que escreveu, aos 22 anos, no calor da hora, Prova de Fogo, seu primeiro texto teatral. 

Elenco
Da esquerda para a direita, no alto: Alex Vieira, Pedro Dix, Maria Fernanda Machado, Nicolas Isso, Mariana Martins, Fernando Moraes.Da esquerda para a direita, embaixo: Vitor Amato, Nina Ricci, Danilo Arrabal, Victor Walles e Ana Bonetti. Atores da Leitura Cênica de PROVA DE FOGO, diante da imagem  Barricada na Rua Maria Antonia, 1968, de Osvaldo José Santos. Fotografia, arquivo Jornal da USP. Exposição RE VOU VER. Centro Universitário Maria Antonia. (Foto: Ewerton Correia)


Premonitória, a peça concluída no mês de maio antecipava os trágicos acontecimentos que viriam ocorrer nos dias 2 e 3 de outubro de 1968, no que ficou conhecido como a Batalha da Rua Maria Antonia.

Imediatamente proibida pela censura federal, a peça teve sua primeira montagem em São Paulo com o título alterado para Invasão dos Bárbaros, em 1975, no prédio ainda em construção dos cursos de Filosofia e Ciências Sociais na USP, por um grupo de estudantes de Ciências Sociais e Biologia, dirigido por Tim Urbinatti.

Sua primeira montagem profissional, dirigida por Aimar Labaki, aconteceu em 1993, no próprio cenário da peça, o prédio da antiga Faculdade, na Rua Maria Antonia, recentemente retomado pela Universidade, depois de 25 anos de sua expulsão dali ao término dos conflitos de 1968. Nesta montagem, o jovem ator Dan Stulbach, recém-formado pela Escola de Arte Dramática (EAD), interpretava José Freitas, o polêmico presidente do Grêmio, personagem claramente inspirado em José Dirceu, na época um jovem presidente da União Nacional dos Estudantes e um dos líderes da ocupação da Maria Antonia. Assim como José Freitas, todos os personagens da peça são inspirados em jovens estudantes que viveram com Consuelo de Castro o cotidiano daquela longa ocupação do prédio em 1968.

Em 1997, o texto voltou a ser montado, no mesmo local, o prédio da Rua Maria Antonia que agora abrigava também o Teatro da USP (TUSP).  Interpretado por um conjunto de universitários de vários cursos e membros da comunidade externa, que na época compunham o Grupo TUSP, o espetáculo foi dirigido por Abílio Tavares, também diretor do TUSP naquele período e que agora dirige essa leitura cênica. 

 

Serviço

LEITURA CÊNICA PROVA DE FOGO
Projeto DRAMATURGIAS 2 – Curva Histórica: Consuelo de Castro

Texto: Consuelo de Castro
Direção: Abílio Tavares

Com: Alex Vieira, Ana Bonetti, Danilo Arrabal, Fernando Moraes, Maria Fernanda Machado, Mariana Martins, Nicolas Isso, Nina Ricci, Pedro Dix, Victor Walles e Vitor Amato

Voz em off:  Alexandre Lima 
Assistente de direção: Ewerton Correia

21/09 – Sábado – 21h

Ingressos:
R$ 20,00 (Inteira) 
R$ 10,00 (meia entrada)
R$ 6,00 (credencial plena)

Sesc Ipiranga
Rua Bom Pastor, 822 – Fone: (11) 3340 2000

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