Professor Maurício Santana Dias recebe Prêmio Nacional de Tradução do governo italiano

A premiação foi conferida como reconhecimento pela atividade de tradução realizada há 25 anos pelo docente do Departamento de Letras Modernas

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Eliete Viana
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Editoria

 

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O docente do Departamento de Letras Modernas durante cerimônia de entrega do prêmio - Foto: Arquivo Pessoal


O professor Maurício Santana Dias, do Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, recebeu o Prêmio Nacional de Tradução, edição 2019, do Ministério de Bens Culturais e do Turismo da Itália, em cerimônia realizada no final de fevereiro, dia 27, no salão da Biblioteca Angelica de Roma, capital do país italiano, na biblioteca pública em funcionamento mais antiga da Europa.

O prêmio foi conferido como reconhecimento pela atividade de tradução realizada pelo professor. No documento de anúncio do prêmio, feito em janeiro deste ano, é destacada a motivação para a entrega da distinção ao docente.

“Maurício Santana Dias tem uma ampla e sistemática atividade como curador e tradutor das principais editoras brasileiras, de obras de autores italianos clássicos e contemporâneos, incluindo Boccaccio, Maquiavel, Leopardi, Pirandello, Calvino, Levi, Pasolini, Pavese, etc”.

Para concorrer, Dias inscreveu-se em fevereiro de 2019 com cinco livros que ele traduziu. Pode-se destacar dois deles com os comentários apresentados no documento já citado acima. Giovanni Boccaccio, Decameron - dez novelas selecionadas, Cosac Naify, 2013, “uma edição para comemorar os 700 anos de nascimento do autor, que contribuiu para um melhor conhecimento de Boccaccio nos países de língua portuguesa”; e O príncipe, de Maquiavel, Penguin-Companhia das Letras, 2010, “a edição mais consultada e lida pelo público universitário e não universitário, em português, com mais de 20 reimpressões”.
 

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O professor Dias (o segundo da esq. p/ dir.), os premiados e os organizadores da premiação - Foto: Arquivo Pessoal


Premio nazionale per la traduzione

São quatro categorias premiadas: tradutores estrangeiros de obras italianas, tradutores italianos de obras de outras línguas; editores estrangeiros e italianos; cuja avaliação do mérito é feita por uma comissão julgadora formada por especialistas na língua e literatura italiana. Os premiados recebem um diploma e um valor em dinheiro.

Carreira

Maurício Santana Dias possui graduação em Português-Italiano pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pela qual também fez o mestrado em Letras (Ciência da Literatura); e tendo realizado o doutorado em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela USP. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Comparada e Tradução Literária e é docente da FFLCH desde 2004.

Dias traduziu mais de 50 livros ao longo de sua carreira como tradutor, iniciada há 25 anos, ainda durante o período de mestrado na UFRJ. Segundo o docente, não teve uma motivação específica para seguir na área de literatura italiana e depois na tradução, visto que é de Salvador e não tem ascendência italiana na família.

“Minha área de atuação sempre foi a literatura, o universo da cultura italiana foi me atraindo e acabei indo para a tradução também”, comenta Dias, o qual conta também que já teve a oportunidade de traduzir obras de autores lidos por ele, como Ítalo Calvino. No momento, está trabalhando em uma nova tradução da obra Divina Comédia, para a Companhia das Letras.

Além da premiação concedida pelo Ministério italiano, o professor ganhou o Prêmio Paulo Rónai de Tradução da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), em 2008, pelo livro 40 novelas de Luigi Pirandello, Companhia das Letras – com o qual também foi finalista do Prêmio Jabuti, em 2009. Ao todo, já foi indicado cinco vezes ao Jabuti, tendo ficado em terceiro lugar pela tradução da obra Trabalhar cansa, de Cesare Pavese, em 2010; e tendo sua última indicação em 2018, pelo livro O leopardo.

“O Premio nazionale per la traduzione tem grande importância porque é conferido pelo próprio governo italiano, através do ministério que cuida da cultura do país”, destaca o professor.