Fernando Novais destaca na aula magna a importância e o papel da História

Por
Eliete Viana
Data de Publicação



 

Alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP lotaram o Auditório Nicolau Sevcenko, no prédio de Geografia e História, na noite desta quarta-feira, dia 14 de março, para assistir à aula magna 2018, que foi proferida pelo professor emérito do Departamento de História Fernando Antonio Novais, com o tema Historiografia, exame de consciência do historiador.

Durante a aula, o professor fez a plateia rir muitas vezes pelas comparações entre as áreas das ciências e pelo jeito que explicava.

A apresentação da carreira acadêmica de Novais foi feita pela diretora da FFLCH, Maria Arminda do Nascimento Arruda, que lembrou ter sido aluna do professor em seu primeiro ano da Faculdade, quando cursava Ciências Sociais.

Novais disse que é da época que a Faculdade era chamada por todos como “Faculdade de Filosofia” e não pela atual sigla FFLCH, e que lembrava da primeira aula que teve na graduação na Maria Antonia [no prédio da Rua Maria Antonia, onde os alunos da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) tinham aulas].

Papel

Na aula, falou do papel da história na civilização e a importância da historiografia, dialogando com as ciências sociais, destacando que falava sobre o ponto de vista de um historiador.

Ele ressaltou que a historiografia exerce um papel fundamental para o entendimento da história e do próprio historiador. “Historiografia se distingue das ciências humanas em geral. Pois, ela existe desde a Grécia antiga, antes das outras ciências. A história da história é um caminho para entender o percurso intelectual”.

O professor frisou que a história existe pela demanda de existir memória, que é um fenômeno social, apontando para as diferenças entre a história tradicional e a moderna. A segunda entende que para reconstruir os acontecimentos é preciso explicá-lo, enquanto que a tradicional acredita que basta narrá-los.

Ciências sociais

Em relação às diferenças entre a história e as ciências sociais, Novais explicou que “quando as ciências sociais nasceram, a história já existia”. Mas, independentemente disso, as ciências sociais tiveram um impacto grande na história, porque os historiadores não queriam mais só recontar a história, mas tentar também explicá-la.

O professor destacou também que, diferentemente do que muitos falavam sobre a distinção entre ciências sociais e história, o cientista social pode estudar o passado e o historiador também pode estudar o presente.

“As ciências sociais se constituem em relação a certas esferas da existência. Os historiadores lidam com todas as esferas, apesar de se especializarem em algumas áreas, por exemplo. O historiador explica para reconstituir, a reconstituição é o meio, enquanto que o cientista social reconstitui para explicar, sendo a reconstituição o fim”, enfatiza o professor.


O docente lembrou que a história não corresponde às mesmas demandas sócio-econômicas-culturais das ciências sociais. E, por isso, muitas vezes, há indícios do fim da história, que aparece na diminuição do oferecimento dos cursos de história nos currículos escolares, dos concursos, entre outras questões, tornando uma “história esmigalhada”. Porém, ele ressalta “mas não quer dizer que seja realmente o fim da história!”, finalizando sua aula.

Para encerrar, a diretora destacou os conhecimentos compartilhados pelo professor emérito durante a aula magna deste ano: “Lições que precisamos prestar atenção”.